Projeto une Fisioterapeutas no enfrentamento ao Coronavírus

Em meio a todo esse cenário, com o vírus se alastrando por todos os cantos do país e do mundo, com dezenas de milhares de infectados somente no Brasil, Claudia Dutkiewcz, Fisioterapeuta, especialista em pós-parto, deu um passo que levaria centenas de profissionais da área a se unirem no enfrentamento a pandemia. A fisioterapeuta é a idealizadora do Projeto Fisioterapia sem Fronteiras, que visa promover a saúde e auxiliar na recuperação e na qualidade de vida de pessoas infectadas pelo coronavírus.

“Ao observar diversos profissionais da minha área inquietos, com seus consultórios fechados, vendo os pacientes tendo alta dos hospitais sem ter assistência fisioterapêutica, senti a necessidade de ajudar esses pacientes que sofriam muito com as sequelas motoras e respiratórias do quadro causado pelo coronavírus”, explicou Cláudia ao relatar os fatores que a motivaram na criação do Projeto.

Após Cláudia idealizar o projeto, uniram-se a ela as fisioterapeutas Luana Motta Soares, Monica Kestener e Renata Mattos Uchôa Andrade, que também passaram a fortalecer as ideias do projeto e hoje fazem parte da coordenação do movimento. Desde então, os profissionais interessados em contribuir com o projeto não pararam de aumentar, chegando hoje a aproximadamente 300 profissionais distribuídos entre vários estados do país.

O Projeto tem sido pautado em diversos meios de comunicação.

Reportagem da CNN Nacional sobre o projeto:
https://www.facebook.com/fisioterapiasemfronteiras/videos/576250926352895/

 

Matéria no Programa Hoje em Dia da TV Record:

A Fisioterapeuta Luana, especialista em Pilates Solo e Fisioterapia Intensiva, logo decidiu que gostaria de fazer parte da iniciativa. “Quando a Claudia me convidou a participar do Projeto aceitei na mesma hora, pois eu sabia que era algo humano, de solidariedade, de ajudar quem tanto precisa em um momento como esse, de pandemia”, conta a profissional. Para Luana o Projeto é essencial aos pacientes que tiveram a Covid-19, já que esses apresentam sequelas respiratórias e motoras que podem ser tratadas através da Fisioterapia.

A profissional Monica teve conhecimento do Projeto através da internet e também não pensou duas vezes para se voluntariar e fazer parte da equipe. “Nesses 33 anos de fisioterapia nunca vivi um momento como esse, um momento que me vi em casa sem ter como trabalhar, então tivemos que nos readaptar e nos reinventar. Em um primeiro momento foi uma parada total, um congelamento, sem saber o que iria acontecer. O segundo momento foi de ação, porque tínhamos que fazer alguma coisa”, relata a Fisioterapeuta Monica, que é especialista em Saúde Familiar, Gestão em Saúde e Reeducação Postural Global.

Monica conta que os profissionais já estavam pensando em formas de dar continuidade aos atendimentos, como o atendimento online, quando o COFFITO divulgou a resolução permitindo teleatendimento devido a situação provocada pela pandemia. Os serviços de Teleconsulta, Teleconsultoria e Telemonitoramento foram autorizados pelo COFFITO por meio da  Resolução nº  516 publicada no Diário Oficial, no dia 23 de março. A liberação ocorreu devido a pandemia, levando em consideração às recomendações da Organização Mundial de Saúde – OMS, visando levar atendimento de Fisioterapia e Terapia Ocupacional à população e assegurando o bem-estar dos profissionais.

O COFFITO, também implementou a Comissão Nacional de Teleconsultoria do Sistema COFFITO/CREFITOs, por meio da Portaria nº 155. A Comissão busca desenvolver protocolos voltados ao atendimento de pacientes infectados pelo Coronavírus e prestar consultoria aos profissionais que estão na linha de frente.

Consultoria Online COFFITO
Fonte: www.coffito.gov.br

A Fisioterapeuta Renata, especialista em Fisiologia do Exercício, Reeducação Postural Global e Conceito Sohier, explica que os pacientes que enfrentam a Covid-19, ao darem alta hospitalar, apresentam quadros de fraqueza global e dispneia ao esforço. “Os pacientes chegam até nós através das redes sociais, então nós quatro, da organização, realizamos a triagem inicial dos pacientes através de uma videochamada fazendo o levantamento do histórico em relação a doença”, relata a Fisioterapeuta.

A profissional ainda explica que com base nessa triagem, os pacientes são classificados conforme o grau de complexidade. “Temos o grau 1, que é um grau leve, com o qual geralmente o paciente fará fisioterapia um vez na semana; o grau 2, que é um grau moderado, para o caso de pessoas que ficaram algum tempo internadas e farão fisioterapia 2 vezes na semana; e o grau 3, que é um grau mais grave, com o qual o paciente faz três sessões de fisioterapia por semana e geralmente precisa de um acompanhante para auxiliar no atendimento online”, explica.

Após a triagem os pacientes são encaminhados para os fisioterapeutas voluntários do projeto, que são escolhidos para o atendimento por ordem alfabética. Esses profissionais fazem contato com o paciente e complementam a avaliação do mesmo, para que então seja estabelecido um plano de tratamento de acordo com as condições com que esse de encontra.

Os profissionais que se voluntariam a participar do Projeto Fisioterapia sem Fronteiras, são divididos em quatro grupos, cada um coordenado por uma das organizadoras do projeto, através dos quais recebem orientações e um vídeo de apresentação do projeto, além de instruções de como registrar os atendimentos desses pacientes no sistema. “Esses subgrupos trabalham de uma forma muito tranquila, trazendo e discutindo os casos, tirando dúvidas e fazendo questionamentos, um estendendo a mão para o outro, essa troca é muito importante”, relata Monica.

A profissional ainda destaca outro ponto que considera muito importante no trabalho do Projeto, o de estar na casa do paciente através das chamadas de vídeo. “Estamos entrando na casa de uma pessoa que ficou 20, 30 dias internada em uma UTI, sozinha, entubada, algumas delas sedadas e passaram por momentos terríveis. Temos muitas histórias, desde as histórias mais leves às mais pesadas, histórias alegres e histórias tristes. Por isso, é importante ter esse olhar, estamos pegando o ser humano em um momento muito fragilizado, como se fosse um pós-guerra, estamos ajudando essas pessoas a se reconstruírem”, enfatiza Monica.

Foi nesse contexto que as profissionais viram a necessidade de contarem com o auxílio de profissionais da psicologia e hoje há um Psicólogo em cada subgrupo, para ajudar tanto os fisioterapeutas como os pacientes. O Projeto também passou a contar com uma Nutricionista, para auxiliar no planejamento alimentar dos pacientes nesse momento de recuperação. “Esse projeto é um desafio para os profissionais, a primeira coisa que eu percebi foi essa união, uma coisa que me tocou muito, é uma ajuda que estamos tendo, um processo muito enriquecedor e muito lindo entre profissionais”, conta Monica.

Após terem recebido as instruções cada um dos profissionais é cadastrado no Sistema ZenFisio, que é parceiro do projeto e oferece a plataforma gratuitamente para que os profissionais registrem as informações dos pacientes e seus atendimentos no prontuário eletrônico. “Os fisioterapeutas cadastram os pacientes no sistema e colocam todos os dados das avaliações e das evoluções e assim temos um banco de dados relacionado a Covid-19, para controle dos atendimentos e que poderá até mesmo ser utilizado para realização de pesquisas futuramente” explica Renata.

“Eu gostaria de agradecer de coração! Como é importante ZenFisio vocês estarem com a gente nesse momento, porque o ser humano precisa aprender a viver sem fronteiras, junto com o outro, precisamos estar juntos… Estamos muito felizes, esse Projeto está se ampliando e sendo realmente sem fronteiras”, finaliza Monica, emocionada.

Projeto Fisioterapia sem Fronteiras
Fonte: www.instagram.com/fisiosemfronteiras

Para os que querem acompanhar o trabalho do projeto ou buscam algum tipo de atendimento de Fisioterapia e áreas auxiliares da saúde após recuperação do Covid-19, basta acessar as páginas do projeto no Facebook e Instagram.

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